sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O som tem qualidades (ou parâmetros)²


ALTURA — Um som pode ser grave ou agudo, dependendo da freqüência de suas vibrações por segundo. Quanto menor for o número de vibrações, ou seja, quanto menor a frequência da onda sonora, mais grave será o som, e vice-versa. O pio de um pássaro é agudo, o som de um trovão é grave. Um violino produz sons agudos, ao passo que um contrabaixo produz sons graves.

DURAÇÃO — Um som pode ser medido pelo tempo de sua ressonância e classificado como curto ou longo. Exemplos: a madeira produz sons curtos, ao passo que metais produzem sons que vibram durante um lapso maior.

INTENSIDADE — Um som pode ser medido pela amplitude de sua onda e classificado como forte ou fraco. Alguns materiais produzem, naturalmente, sons fracos; outros, sons mais fortes. Mas a intensidade de um som pode, quase sempre, variar de acordo com o grau de força do ataque. Exemplo: experimente tocar, num mesmo tambor, sons com diferentes intensidades, dos mais fracos aos mais fortes.

TIMBRE — É a característica que diferencia, ou 'personaliza", cada som. Também costumamos dizer que o timbre é a "cor" do som; depende dos materiais e do modo de produção do som. Exemplos: o piano tem seu próprio timbre, diferente do timbre do violão; a flauta tem um timbre próprio, assim como a voz de cada um de nós.

DENSIDADE — É um parâmetro que se refere a um grupo de sons, caracterizando-se pelo menor ou maior agrupamento de sons num lapso, ou seja, pela rarefação ou adensamento.


   O sentido da audição foi, desde o princípio, responsável por significativa leitura das coisas deste mundo, já que sons e silêncios são portadores de informações e significados. Os sons da natureza (vento, trovões, tempestades...), os cantos e urros dos animais ou os sons produzidos pelas pessoas (com a voz, com o corpo ou com os materiais disponíveis) traduzem informações objetivas (a aproximação de uma fera, uma tempestade ou um carro que passa...), provocando, também, sensações, emoções e reações subjetivas. O universo vibra em diferentes frequências, amplitudes, durações, timbres e densidades, que o ser humano percebe e identifica, conferindo-lhes sentidos e significados.

   Perceber, produzir e relacionar-se com e por meio de sons faz parte da história de vida de todos nós: ouvimos o toque da campainha e corremos a abrir a porta, obedecemos ao apito do guarda, enfim, reconhecemos inúmeras informações sonoras que, vale lembrar, mudam com o tempo e de uma cultura para outra. Basta pensar na diferença existente entre o ambiente sonoro de um grande centro urbano e o de uma aldeia de pescadores, ou, ainda, na paisagem sonora dos nossos antepassados distantes. Como será que eles reagiam à escuta de sons cuja causa desconheciam, como um trovão, por exemplo?

   A percepção, a discriminação e a interpretação de eventos sonoros, geradores de interações com o entorno, têm grande importância no que diz respeito à formação e permanente transformação da consciência de espaço e tempo, um dos aspectos prioritários da consciência humana.

   Outro ponto a ressaltar é o que diz respeito à imensa variedade de sons a que estamos expostos nos grandes centros urbanos, que exige a conscientização acerca da importância da ecologia acústica, equilibrando, protegendo e evitando que a exposição excessiva a sons de toda espécie comprometa a nossa qualidade de vida.



"Somente através da audição seremos capazes de solucionar o problema da poluição sonora. Clariaudiência nas escolas para eliminar a audiometria nas fabricas. Limpeza de ouvidos em vez de entorpecimento de ouvidos. Basicamente, podemos ser capazes de projetar a paisagem sonora para melhora-la esteticamente — o que deve interessar a todos os professores contemporâneos,"
(M. Schafer, 1991, p. 13)


R. Murray Schafer (1933-), compositor e educador canadense, autor das palavras acima, desenvolveu um projeto de pesquisa em Vancouver, no Canadá, que estudou, de forma multidisciplinar, as características do som ambiental e as modificações que ele sofreu ao longo do tempo, além do significado e do simbolismo desses sons para as comunidades afetadas por eles.


"Sua proposta visava a elaborar um projeto acústico mundial, que, através da conscientização a respeito dos sons existentes, pudesse prever o tipo de sonorização desejada para determinado ambiente. O mundo, portanto, seria tratado como uma vasta composição macro-cósmica, composta pelos 'músicos', definidos pelo autor como 'qualquer um ou qualquer coisa que soe'. Nesse projeto seriam discutidas pelas comunidades questões como: 'Quais os sons que queremos eliminar, conservar ou produzir?"
(M. T. Fonterrada, in M. Schafer, 1991, p. 10)


Fonte: Livro - Musica na educação infantil, proposta para a formação integral da criança. Editora Peiropolis, 2008 De Teca Alencar de Brito; pag. 20

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