Existe um grande número de modos, escalas, sistemas de afinação, estruturas rítmicas, sistemas de composição, sem falar das fontes sonoras e instrumentos musicais utilizados em cada tempo e lugar. A ênfase na utilização dos materiais sonoros também é um dos critérios que distinguem os diferentes períodos da história da música ocidental: a música predominantemente vocal da Idade Média tornou-se predominantemente instrumental a partir do século XVIII. O século XX marcou o início de uma etapa que opera com todo e qualquer tipo de sons, até mesmo ruídos.
Dessa maneira, a música de nosso tempo integra todos os tipos de sons:
TOM — Um som com altura determinada, ou seja, com uma afinação precisa. Exemplo: o som de uma nota musical (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si).
RUÍDO — Som sem altura definida, resultante de vibrações irregulares. Exemplo: sons produzidos por máquinas, motores, batidas ou ranger de portas, do meio ambiente, mas também o som produzido por instrumentos como clavas, reco-recos, castanholas etc.
MESCLA — Um som que contém ao mesmo tempo elementos sonoros com altura determinada e frações de ruidosidade, um tom sujo. Exemplo: uma nota produzida por um metalofone tocado com baqueta de madeira, o som de um prato, um som produzido na flauta, acompanhado por ruido vocais etc.
Não podemos deixar de lembrar a influência das transformações tecnológicas, que ampliaram os meios para o fazer musical pela introdução de instrumentos eletrônicos, sintetizadores, computadores etc. A música concreta e a música eletrônica, desenvolvidas na primeira metade do século XX, provocaram mudanças que continuam ocorrendo até os dias atuais em todos os gêneros e estilos musicais.
Na música, a altura é o parâmetro relacionado à criação de linhas melódicas, melodias e harmonias. A duração conecta-se com a organização do ritmo; a intensidade encontra correspondente musical na expressão dinâmica e também no ritmo; e o timbre personaliza, dá cor, caráter.
Uma melodia que ouvimos no rádio e que horas depois insiste em continuar soando em nossos ouvidos resulta de uma organização precisa das alturas e durações: as notas musicais (sons que têm uma afinação exata) integradas a durações também definidas (que geram ritmos medidos com base num pulso regular) criam uma estrutura sonora que o ouvido humano percebe, reconhece, reproduz e pode anotar, o que possibilita sua reprodução posterior. Mas terá sido sempre assim que se processaram a criação e a realização musical? E hoje, ainda é assim?
Na música de alguns povos e culturas não ocidentais, ou muito antigos, o conceito de melodia com começo, meio e fim determinados inexiste, e as linhas melódicas têm movimentos sonoros que dão margem a improvisações e mudanças. Por outro lado, na música de algumas correntes de composição ocidentais do século XX, as melodias e temas deram lugar a composições centradas na utilização do material sonoro propriamente dito, ou seja, sons graves ou agudos, curtos ou longos, fracos ou fortes sugerem campos sonoros imprecisos, sem uma ordem estrita. A regularidade do compasso, dos ritmos métricos deu lugar a tempos livres, vivenciais, sem a marcação do relógio": o estriado (pulsado, métrico) deu lugar ao liso (não métrico), conforme propôs o compositor francês Pierre Boulez (1925-) (P. Boulez, 1972, p. 88).
Poderíamos levantar outras questões: o surgimento e a transformação dos sistemas de notação, a criação dos instrumentos musicais e sua utilização, o trabalho com a intensidade, com o timbre etc. Todas elas chamam a atenção para o caráter relativo e dinâmico que é próprio das produções musicais.
Fonte: Livro - Musica na educação infantil, proposta para a formação integral da criança; Por teca Alencar de Brito. Editora Peirópolis, 2008 De Teca Alencar de Brito; pag. 28 e 29
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